almas nuas.

Monday, June 3, 2013

Cap. I - Johanna


            Uma música mexida enche-me os ouvidos e eu resmungo "Só mais cinco minutos!!", tapando a cabeça com a almofada. Não adianta, parece que música se torna mais alta e mais mexida a cada segundo que passa e acabo por levantar a cabeça e atirar a almofada para os pés da cama.
            São cinco e meia da manhã, ainda está escuro lá fora, mas eu levanto-me, deixando o rádio ligado. Dirijo-me à casa-de-banho e olho-me ao espelho. O meu cabelo longo cai-me pelo peito, num tom ruivo flamejante, e uns olhos verdes ensonados fitam-me. Levanto as mãos à altura dos olhos e coço-os, pensando que devia apanhar algum sol.
            Uma das desvantagens de se viver em Londres é que não se apanha sol. Está sempre enublado ou a chover, por isso, se quero sol tenho que ir para a costa. Para quem mora na cidade até o Verão parece cinzento. Mesmo que o sol apareça dura tão pouco tempo que nem chega a aquecer o suficiente para despir os casacos.
            Ligo a água do chuveiro e dispo-me. Mesmo apesar do frio, de manhã tomo sempre duche de água fria, para acordar. Alguns minutos depois saio e limpo-me. Enrolo a toalha no corpo e outra no cabelo e regresso ao quarto. O rádio continua a tocar, uma música que não conheço, mas não lhe ligo. Dirijo-me à cómoda e tiro de uma gaveta um conjunto de roupa interior, de outra tiro umas calças pretas e, ainda de outra, uma T-Shirt preta. Visto-me e calço umas Converse, a condizer com a roupa. Volto à casa-de-banho e tento domar o meu cabelo, mas como ele tem vida própria, decido então prendê-lo num rabo de cavalo.
            No caminho para a cozinha pego no meu portátil e ligo-o, enquanto preparo o pequeno almoço, aproveitando para confirmar os meus dados. Tenho que sair de casa dentro de uma hora. "Ainda bem que tive o bom senso de fazer as malas ontem à noite", penso, enquanto como uma torrada com doce de morango. Bebo um copo de sumo de laranja e um café, para acordar. Desligo o computador e pouso-o em cima da cama.
            Dirijo-me novamente para a casa de banho, com o rádio agora a passar Rihanna. Na casa-de-banho lavo os dentes e guardo a escova e a pasta numa bolsinha, juntamente com outros produtos de higiene fundamentais e guardo a bolsinha na mochila que está pousada em cima da cama. Faço a cama rapidamente e desligo o rádio, finalmente. Guardo o computador e visto um casaco. O meu Blackberry vibra, a minha boleia chegou.
            Coloco a mochila às costas e saio, verificando se não me esqueci de nada. Tranco a porta de casa e chamo o elevador.
            Ao chegar à rua vejo um Audi A3 preto, estacionado e, lá dentro um rapaz moreno de olhos castanhos sorri-me, através do vidro aberto. Eu sorrio-lhe, abro a porta de trás e coloco lá a mochila, entrando depois para o lugar do passageiro. Dou-lhe os bons dias e ele arranca, levando-me até à estação de St. Pancras.

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